Em uma de suas primeiras aparições na COP30, em Belém, Gavin Newsom elevou o tom ao falar do cenário global. “A China está ocupando todos os espaços e vai dominar a próxima grande indústria mundial”, disse o governador da Califórnia diante de uma plateia que se esmurrou contra a divisória de acrílico para ouvi-lo. Na sequência, disparou uma das frases mais fortes da viagem: “Os Estados Unidos são tão burros quanto quiserem ser nesse tema — mas a Califórnia não é. Vamos nos afirmar, vamos avançar e vamos competir nesse campo.”
Figura central da oposição a Donald Trump — e há meses flertando publicamente com uma candidatura presidencial em 2028 — Newsom adotou na COP um discurso que mistura provocação política e pragmatismo econômico.
Vestido apenas com uma camisa branca social sob o calor amazônico, fez questão de afirmar que mudança climática não deveria ser um tema partidário, lembrando iniciativas ambientais tomadas por dois republicanos da Califórnia, Ronald Reagan e Richard Nixon.
Apesar de ser apenas um entre 50 estados, a Califórnia tem a quarta maior economia do planeta, o que dá ao governador musculatura para influenciar mercados e debates energéticos globais.
Cercado por seguranças da ONU, Newsom cumpriu uma série de reuniões com autoridades de vários dos 195 países presentes à conferência e reforçou que a parceria californiana no clima está garantida. “Mas não podemos fazer isso sem vocês… Estamos aqui de mãos abertas, não de punhos fechados.”
Na véspera, em São Paulo, ele já havia enviado um recado incisivo a investidores brasileiros, classificando o vácuo de liderança climática dos EUA como “estarrecedor”.
Aproveitou também para exaltar o ecossistema de tecnologia verde da Califórnia: lembrou que o estado tem sete vezes mais empregos em energia renovável do que em combustíveis fósseis e destacou que a Tesla nasceu ali, símbolo de como a economia limpa é, para ele, sinônimo de competitividade.