No mundo inteiro governos subsidiam atividades econômicas como forma de incentivar o crescimento e a geração de empregos. Ocorre que, nem sempre, se calculam quais são os impactos ambientais que esse tipo de mecanismo traz para o planeta. Um estudo divulgado na semana passada pela ONG Earth Track, que estuda os EHS’s (subsídios prejudiciais ao ambiente, na sigla em inglês), calcula que eles devem chegar a 2,6 trilhões de dólares por ano, até 2030. A enorme quantia equivale a 2,5% do PIB mundial.
Os setores que recebem os maiores incentivos são o de exploração de combustíveis fósseis, a agricultura extensiva e de captação e tratamento de água. Os subsídios à mineração de gás, petróleo e carvão aumentaram mais de 1,5 trilhão de dólares desde 2022, ano em que o último estudo do tipo foi realizado.
O principal motivo para o crescimento é a invasão russa na Ucrânia, que levou governos ao redor do mundo a tentar proteger os consumidores dos aumentos de preços. O conflito também motivou semelhante movimento em relação à agricultura, como forma de garantir a segurança alimentar da população, especialmente na Europa. No total, os EHS’s subiram em cerca de 800 bilhões de dólares nos últimos dois anos.
Eis os valores dos principais setores (por ano):
- Combustíveis fósseis: 1,05 trilhão de dólares
- Agricultura: 605 bilhões de dólares
- Água: 390 bilhões de dólares
- Transporte: 180 bilhões de dólares
Durante a Conferência das Partes para a Convenção sobre Biodiversidade (COP 15), se estabeleceu a a primeira meta quantitativa de redução para subsídios prejudiciais ao meio ambiente. A ideia é reduzir os EHS’s em 500 000 bilhões por ano até 2030, mas o desafio é enorme, já que o impacto na economia global também tende a ser significativo. O relatório cobra mais engajamento por parte das empresas para mudar esse quadro.