Sétima maior região metropolitana do planeta, a Cidade do México, com 22 milhões de habitantes, enfrenta a mais grave crise hídrica de sua história.
De acordo com especialistas locais, os reservatórios que abastecem a capital mexicana caíram a menos de 40% de sua capacidade, e podem secar completamente no próximos meses.
Os índices pluviométricos da região estão abaixo do normal há cinco anos, segundo autoridades.
A estiagem atípica para os padrões locais, avisam cientistas, é resultado do agravamento das mudanças climáticas.
Além de fazer a chuva sumir, o aquecimento global também intensificou as ondas de calor que se abatem sobre o México durante o verão.
Uma combinação explosiva, que faz aumentar o consumo de água justamente quando é preciso economizar.
Como resultado, o governo foi obrigado a introduzir severo racionamento de água, impactando especialmente os mais pobres.
Políticos ligados ao prefeito, Marti Batres, e ao presidente, Andrés Manuel López Obrador, tentam minimizar a situação.
Ambos afirmam que é possível redirecionar água de outros estados para a metrópole, evitando assim o colapso.
Mas especialistas advertem que a situação é tão crítica que a Cidade do México pode estar caminhando para o “dia zero”, ou seja, ficar inteiramente sem água, em questão de meses.
Atualmente, os reservatórios que abastecem a capital têm apenas 38% da capacidade, em média, nível muito abaixo do considerado seguro.
E não deve haver alívio tão cedo, já que a estação das chuvas só começa em agosto.
Além das mudanças climáticas, contribuem para o agravamento da crise a falta de planejamento urbano da Cidade do México.
Nada menos que 40% da água captada para abastecimento acaba perdida em vazamentos, já que o encanamento local é velho e não tem manutenção.
“É uma situação sem precedentes”, afirma Rafael Carmona, diretor da SACMEX, empresa responsável pelo abastecimento da capital.
“As chuvas estão anormais há cinco anos, criando uma crise não tínhamos experimentado na história”, completa.
A maior parte do México enfrenta estiagem extrema ou excepcional, as piores na escala do órgão que monitora a seca.
Segundo o observatório meteorológico do país, 75% do território tem chuvas abaixo da média.
Outra questão que desperta críticas na opinião pública mexicana é a desigualdade no acesso à água.
Em Valle de Bravo, bairro de classe média alta, uma barragem responsável por fornecer água para 6 milhões de pessoas está à beira do colapso.
Mesmo assim, centenas de mansões da área mantém lagos artificiais e piscinas plenamente abastecidos.